quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Do fundo do baú: inauguração do Anhembi

Foi em 1970 que Caio de Alcântara Machado inaugurou o Palácio de Exposições do Anhembi, em São Paulo, o maior espaço para feiras e eventos da América Latina. Até lá, as feiras realizavam-se nos pavilhões do Parque do Ibirapuera, criados por Oscar Nemayer para as comemorações do IV Centenário da cidade, em 1954.
Minha agência de propaganda estava presente à inauguração, que se deu com o Salão do Automóvel. Naquele ano, montamos o stand da foto para nosso cliente Sifco S.A., que naquela década entraria no ranking das cem maiores empresas brasileiras.
O stand foi criado pelo arquiteto Martin Tresca utilizando formas em cubos; os cubos suspensos iluminavam com várias cores os produtos expostos sobre os cubos abaixo, dando belos efeitos de luz e brilhos. A Sifco fabricava forjados e usinados para a indústria automobilística.
Nossa agência foi responsável por dezenas de montagens de stands de clientes, nas feiras UD (Feira de Utilidades Domésticas), Eletro-Eletrônica, Fetag e em vários outros Salões do Automóvel.
No Salão do Automóvel de 1972, minha agência estava supervisionando a montagem de cinco stands de clientes, quando 24 horas antes da inauguração recebemos ordens expressas para evacuar imediatamente o Palácio das Exposições. Operários que eventualmente estavam do lado de fora tomando um café ou o seu lanche, foram impedidos de retornar, deixando roupas, pertences e documentos do lado de dentro. A razão foi ditatorial: o presidente do Brasil da época, General Figueiredo, viria visitar o Salão no dia seguinte e sua equipe de segurança viera passar um pente fino no Anhembi para "evitar atentados", a paranoia da época.
Efetivamente, apenas após a visita do presidente ao Salão no dia seguinte, os portões foram abertos para que os operários voltassem à carga, para tentar entregar os stands inacabados pela interrupção.
Nossos cinco stands não ficaram prontos na hora da inauguração oficial. Nem preciso comentar tudo o que ouvi dos clientes, inconformados com a situação.
Ex-chefe do SNI, o general Figueiredo certamente foi o menos cortês de todos os presidentes do período militar; frases ríspidas e gafes foram recorrentes em seu governo.

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