quinta-feira, 9 de maio de 2013

Propaganda, o negócio da alma

Em uma palestra que proferi há algum tempo, brinquei com o chavão tão batido e usado por tanta gente de que “a propaganda é a alma do negócio”.
Neste Século XXI eu preferi alterar a frase e transformá-la em “a propaganda é o negócio da alma”. Pois hoje, nas grandes agências de propaganda, diferentemente dos publicitários da minha geração, existe a participação de profissionais com outra formação acadêmica além da publicitária, que trabalham ou colaboram na criação das caríssimas campanhas publicitárias. Somando-se à tradicional dupla redator-diretor de criação, além dos exímios profissionais nas áreas das novas tecnologias de imagem, som e comunicações, hoje são sociólogos, psicólogos, neurolinguistas, estudiosos da mente humana, pesquisadores de mercado, entre outros, que se ocupam com a identificação exata do consumidor ao qual se destina determinado produto. São especialistas que vasculham minuciosamente o perfil, gostos, desejos, idade, sexo, sentimentos ocultos das pessoas… e conseguem, figurativamente, até invadir as suas almas.
É muito difícil tecer uma avaliação sobre a criatividade publicitária ao longo dos tempos. Há case stories que marcaram época na publicidade brasileira. Desde os primeiros anúncios do Fusca, o garoto Bom Bril, o primeiro sutiã, os primeiros comerciais a cores… seria uma lista infindável e estafante colocá-la neste post. Há vários outros blogs que tratam do assunto. Vimos campanhas que introduziram novos conceitos, novos produtos, novos hábitos e costumes no consumidor brasileiro, na mesma velocidade da evolução tecnológica e científica – sem que a gente se desse conta da importância que isso representou.
Com o aumento da competitividade e da concorrência, aumentam cada vez mais as exigências em relação às agências de propaganda. Foi-se o tempo em que as empresas estabeleciam apenas pró-forma o percentual de verba para “despesas de publicidade”. Hoje, verba virou budget que é analisada cientificamente, destinando-se não mais às “despesas”, mas sim ao investimento publicitário. Cada produto tem suas peculiaridades, seu mercado específico e seu potencial de vendas antecipadamente analisado.
Se a frase feita continua sendo “a propaganda é a alma do negócio”, para os especialistas “a propaganda tornou-se o negócio da alma”. E cá entre nós, para as agências, “o negócio é a alma da propaganda”.
Imagem: www.stormy.org